Chang Moo Kwan – as origens do Taekwondo

O Chang Moo Kwan é uma das escolas de arte marcial que deram origem ao que conhecemos hoje como Taekwodo. De origem oriental, te sua origem na Coréia, recebendo influência japonesa.

Os treinos de Chang Moo Kwan focam mais nos aspectos da na arte marcial como as formas tradicionais, autodefesa, autocontrole, com menor destaque para a luta de competição (esporte olímpico). As lutas também são praticadas, mas como forma de desenvolver algumas das habilidades da arte-marcial e buscar o aprimoramento, mas não o objetivo em si.

Assim, os treinos são mais técnicos e menos atléticos, embora exercitem o corpo como um todo, mas envolve técnicas mais apuradas e pouco praticadas nas academias de Taekwondo.

O Chang Moo Kwan é hoje uma grande irmandade, filiada à Kukkiwon e à WTF (World Takeondo Federation), com os mesmos objetivos de difundir o TaeKwon-Do para nossa juventude, sem esquecer de suas raízes.

Honramos nossos mestres e os mestres que os precederam, cultivando seus legados, preservando suas histórias e multiplicando nosso conhecimento. A unificação das Kwans (escolas) trouxe diversos desafios à modalidade, mas o espírito indomável de nossos veteranos manteve a chama acesa e se alastrando, continuando viva e crescente a cada dia, pelo amor e devoção de seus praticantes.

A Filosofia do Chang Moo Kwan

O TaeKwondo moderno deu ênfase, nas últimas décadas, à luta de competição, tanto que hoje é um esporte olímpico. Algumas pessoas enxergam a luta competitiva como sendo o suprassumo das habilidades nas artes marciais. Embora o combate faça parte dos treinamentos, não é nem de longe a parte mais importante.

As competições de luta ensinam valores equivocados: Ganhar a qualquer custo e egoísmo. Treinar artes marciais nada tem a ver com ganhar troféus e medalhas. O combate deve beneficiar ambos os participantes e não promover rivalidades que resultem em vencedores e vencidos.

No Chang Moo Kwan, o combate tem o objetivo de ajudar os indivíduos a desenvolver suas habilidades marciais, sem o receio de se ferir ou de “ser vencido”. A experiência adquirida é sua maior recompensa. Ajudar a identificar suas fraquezas é o um grande favor que seu oponente te faz.

Assim, no Chang Moo Kwan, não existe uma ênfase nos treinos na luta de competição ou qualquer pressão para participação em campeonatos. Todavia, os praticantes são livres para competir se assim desejarem.

Nos tempos atuais, a prática de artes marciais oferecem benefícios como saúde, longevidade, foco, destreza física, controle emocional, companheirismo e socialização, dentre outros. Esses são os objetivos mais buscados pelos praticantes.

Raramente um cidadão irá utilizar as artes marciais em uma situação real de confronto, ainda mais se for do tipo que evita problemas. Os maiores inimigos de hoje são internos. Estresse, preocupação, insegurança, soberba, inveja, impaciência e depressão estão sempre presentes.

O ser humano precisa combater esses inimigos internos diariamente e o treino nas artes marciais pode ajudar muito. Consequentemente, o Taekwondo Chang Moo kwan ajuda a equilibrar a vida, a família e melhorar nossa disposição com todos que interagimos.

A cada ação corresponde a uma reação

A vida humana, em cada dos seus milhares de processos, reafirma esta lei. Tanto em termos gerais, nos campos da sociologia, psicologia, física, química, antropologia, etc., quanto em pontos específicos, como as inter-relações entre pais e filhos, professor e aluno, colegas de trabalho, político e povo, tudo enfim, que envolva a natureza, do homem e sua criação, contém em suas bases mais primárias essa lei de interação.

Baseado nisto, entender uma relação entre dois pontos de ação se torna extremamente fácil. Um pouco mais difícil, porém, é controlar os processos que acontecem dentro desta relação a ponto de repeti-los ou evitá-los, já que envolvem uma série de variáveis não manipuláveis.

Filosofia além do esporte e da defesa pessoal

O Taekwondo Chang Moo Kwan, em sua totalidade, deve ser entendido não apenas como um esporte, um meio de defesa e ataque ou uma arte marcial, como nós ocidentais a concebemos. Mais que tudo isso, o Taekwondo é também toda uma filosofia, todo um universo envolvendo conceitos profundos de convivência – consigo mesmo em corpo e mente, e com os outros – de interação, de reação, de disciplina e de reconhecimento e respeito a valores muitas vezes desconhecidos ou relegados pelos povos ocidentais.

Justamente por constituir-se num universo tão vasto, torna-se difícil conhecer suas fronteiras e especificidades, daí o Taekwondo também envolve toda a metodologia de estudo, prática e teórica, visando o desenvolvimento conjunto do controle e da capacidade física, mental, social e filosófica.

Como é a prática do Taekwondo Chang Moo Kwan

Direto ao ponto que nos interessa, vamos exemplificar, a partir da descrição de algumas atividades desenvolvidas de uma aula de Taekwondo, salientando os principais conceitos e normas vivenciadas pelo professor/ mestre e pelo aluno/ discípulo.

Em primeiro lugar, vamos analisar estes dois conceitos, “mestre” e “discípulo”. Qual a diferença entre eles e os termos “professor” e “aluno”?
Aparentemente, podem ser vistos como similares, mas olhando atentamente, o professor é aquele que ensina, transmite uma informação ou um método; já o mestre é o modelo, o exemplo prático. Da mesma forma, discípulo é aquele que, mais que aprende, vivencia as informações recebidas do mestre e com ele compartilham de uma experiência de respeito mútuo, valorização e enriquecimento. Algo que o atingirá no nível existencial, além do nível intelectual.

A abertura e o encerramento da aula de Taekwondo acontecem com um cumprimento entre Mestre e discípulos, que pode ser traduzido da seguinte forma: O aluno agradece o professor por estar sendo instruído e o professor agradece ao aluno a honra de ter sido escolhido. Estabelece-se assim uma relação única, entre o grupo (e cada um) dos discípulos e o Mestre, baseada no respeito e obediência fundamentalmente no mérito do Mestre, em suas qualidades como tal.

Isso sem falar que as relações entre discípulos devem se basear também, não só nos méritos já adquiridos por cada um, mas também nos seus esforços em aprimorar-se cada vez mais, tanto como atleta, praticante ou lutador, mas, sobretudo, como ser humano.

A hierarquia é respeitada rigidamente e baseia-se igualmente no mérito, assim como cada faixa significa um nível a mais neste aprimoramento contínuo, que só “termina” como o 10º Dan, concedido como honra póstuma, numa valorização que transcende as fronteiras da existência material.

Até mesmo os lugares ocupados pelos alunos durante a aula têm um significado dentro dessa hierarquia. Correspondem a uma estratificação, dentro da qual o aluno só ascende por mérito e esforço. Qualquer atitude durante a aula deve ser autorizada pelo Mestre, responsável por manter regras disciplinares elaboradas durante séculos, até os nossos dias.

A postura do Mestre diante dos alunos é rígida e sua palavra, absoluta. Por isso, para ser Mestre de Taekwondo, ele tem que passar por todos os níveis (faixas) de aprendizado e preparação física, teórica e filosófica. Talvez nossa visão ocidental possa vir a considerar esta autoridade atribuída ao Mestre como extremista e excessiva, mas é preciso ver que convivendo com ela, o aluno estará incorporando controle e obstinação, essenciais para quem também está recebendo técnicas de combate.

Além do mais, subindo de nível (faixa), ele se liberta desta autoridade na medida em que se torna apto a exercê-la. Esta, inclusive, é a chave teórica e prática que aprimoram técnicas potencialmente destrutivas. Você incorpora uma absoluta responsabilidade sobre elas e uma exata noção de quando usá-las acertadamente. Aprende a respeitar o espaço físico e o corpo dos outros seres humanos, num constante exercício de respeito à vida.

Esta responsabilidade, dentro do grupo e fora dele, é particular e global e deve ser mantida a qualquer custo. É muito comum que alunos recentemente iniciados na arte do Taekwondo, empolgados com o poder que a aprendizagem das técnicas de luta lhes dá, tenham tendência a usá-las indevidamente, já que o aprendizado na filosofia é mais lento e difícil, e exige condições nem sempre fáceis de estabelecer.

Porém, logo ao atingirem os primeiros níveis (faixas), os alunos já terão aprendido estas normas de controle e respeito, que são condições para que evoluam como atletas, discípulos e pessoas.

Dentro da aula, qualquer outra coisa, que não o mérito e a aptidão, não poderá ser usada como pretexto ou justificativa para qualquer atitude ou direito hierárquico. Como, por exemplo, poder financeiro, idade, tamanho, força, cor, credo, interferência de terceiros ou até mesmo faixa, já que está é um símbolo de mérito, e se este não existe, o atleta não a merece.

O respeito ao grupo e à pessoa simbólica do Mestre (representação do direito de ser respeitado por seus próprios méritos) é essencial, tanto interna quanto externamente.

Sobre a maneira de transmitir os ensinamentos, o Mestre deixa-se procurar pelo aluno, deixa que ele seja movido por suas próprias motivações em direção ao aprendizado. O aluno tem o direito de permanecer apático, pois não crescer como discípulo só a ele prejudica; e isso é deixado bem claro.

Porém, não é permitida a intervenção por parte do aluno desinteressado, nos demais membros do grupo. O aluno indisciplinado será afastado do grupo até que entenda a necessidade de respeitar os processos de aprendizagem dos companheiros e os esforços do Mestre: “Cada um é responsável por cada um e pelo todo e vice-versa”. Os valores reconhecidos e praticados implicam na hierarquia e na disciplina.

Faixas, Graduação e Responsabilidade

Quanto maior a faixa, maior se torna a responsabilidade do aluno com relação a si e aos outros. O comportamento pessoal e em grupo deverá ser aprimorado para que possa honrar o nível a que chegou.

Ao aplicar uma punição por indisciplina, o Mestre será objetivo e rígido, quanto sua decisão, principalmente porque, desde o início, são datadas ao aluno indicações de como proceder corretamente. Um discípulo indisciplinado será apenas um aluno que aprendeu a lutar eficazmente e impunemente. O Mestre é respeitado por ser também capaz de obedecer aos seus superiores hierárquicos e controlar seu poder de luta e sua conduta.

O Espírito do Praticante de Taekwondo Chang Moo Kwan

Finalmente, para definir o espírito do praticante, nada mais indicado do que algumas noções que são passadas em aula, como:

  • “Se tiver que lutar, não fira.
  • Se obrigado a ferir, não aleije.
  • Se obrigado a aleijar, não mate.
  • Porque toda vida é necessária e insubstituível.”

Além disso:

  • “A autoridade e a hierarquia são meritórias, nunca arbitrárias.”
  • “O praticante nunca toma a iniciativa do ataque. O seu primeiro gesto é de defesa.”
  • “O cumprimento entre os atletas, antes e no fim da luta, significa o desejo de que o adversário não se machuque, porque apesar de ser um oponente, ele está emprestando o seu corpo para que o outro treine suas técnicas e se aprimore.”
  • “Ao ferir um adversário, o atleta ajoelha-se de costas para o ferido. Isto mostra que está arrependido e envergonhado por tê-lo ferido e por isso coloca-se vulnerável ao oponente atingido.”

E por fim, algo que redime o aluno dentro da rigidez disciplinar em que ele assume técnicas e conceitos:

  • “Aprender a forma para se libertar da forma”.
  • “Ter o poder de atingir e ferir e optar conscientemente por não fazê-lo”.
  • “Harmonizar mente e corpo num aperfeiçoamento contínuo que leva não à empáfia e a vaidade, mas à serenidade de ser e do poder, dentro da segurança do mérito”.

Princípios do Chang Moo Kwan

Os princípios cultivados pelo Chang Moo Kwan são provenientes da época do Reino de Silla e os mesmos do grupo de guerreiros formado por jovens aristocratas batizado de Hwarang (Trad. “Flores da Juventude”). Os jovens Hwarang, na verdade, não eram de natureza militar em sua gênese, a princípio tinham funções religiosas, artísticas e acadêmicas, mas por ventura das guerras de unificação foram convocados a lutar.

Alguns historiadores enfatizam muito os feitos em batalha desse grupo de jovens guerreiros, criando toda uma mitologia em torno de sua importância para o sucesso da unificação dos Reinos.

O Credo seguido pelos guerreiros Hwarang era:

  • Servir ao Rei com lealdade;
  • Servir aos Pais com amor filial;
  • Fidelidade com os amigos e companheiros;
  • Jamais retroceder numa batalha;
  • Não matar indiscriminadamente.

Conheça mais sobre a história da Chang Moo Kwan e sua relação com o Taekwondo.

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Mestre e Instrutores

Gran Mestre Sylvio Cruz

Mestre Internacional – 8º dan

Fabio Nagasawa (Binho)

Mestre Internacional – 5º Dan

Mauricio Pepe de Campos

Mestre Internacional – 4º Dan

Hyung Jae Kim

Hyung Jae Kim

Mestre Internacional – 4º dan

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